Análise - Resident Evil 3
Assim como na série clássica, Resident Evil 3 “remake” saiu um ano após seu antecessor. Assim como também na série clássica, Resident Evil 2 é considerado por muitos, melhor que seu sucessor. Porém, eu gosto mais do terceiro do que o segundo, inclusive agora nos remakes e vou tentar explicar o porquê nesta análise livre de spoilers (ou quase). Acompanhe!
Resident Evil 3 foi anunciado meio que do nada numa live State of Play da Sony no final do ano passado (2019) e desde então deixou muita gente empolgada, inclusive eu, pois além de ser meu jogo favorito da franquia, ele já iria sair no começo do ano e ainda por cima no mesmo dia do meu aniversário, dia 3 de Abril. Pois bem, a data chegou e meu presente para mim mesmo não poderia ser outro! :)
A primeira coisa que já chama atenção é que o jogo está visualmente E-S-P-E-T-A-C-U-L-A-R! Ouve uma notória evolução gráfica em relação ao RE2 (remake). Inclusive, estou bem curioso para ver onde eles podem chegar com esta tal de RE Engine, motor gráfico da Capcom que vem sendo utilizado em diversos jogos da produtora, inclusive em jogos fora da franquia Resident Evil, como Devil May Cry 5.
Mas enfim, o design de Raccoon City, apesar de reimaginada, está ótimo! Os personagens também estão muito bem trabalhados, incluindo a atuação e dublagem, que mesmo apesar de ainda não termos a versão nacional (somente legendas em português), está muito bem lapidada e fluida, os atores mandaram muito bem! Alías, mandaram muito bem mesmo, eles conseguem transmitir um alto nível de carisma dos personagens ao jogador quase que imediatamente, principalmente o Carlos Oliveira (já irei falar mais dele abaixo).
Já quanto ao trabalho feito com o som da ambientação e da trilha sonora, não tem o que dizer, está simplesmente impecável! Eles pegaram algumas trilhas da série clássica e rearranjaram com mixes modernos que ficaram magnifícas (é sério)!
September 28th, daylight…
Como provavelmente você deve saber, no jogo você assume novamente o papel de Jill Valentine, uma ex-agente da equipe de elite S.T.A.R.S. e sobrevivente do incidente da mansão Spencer do primeiro Resident Evil. Neste, a história começa 24 horas antes dos acontecimentos do RE2 e termina um dia depois. Jill está na cidade investigando a empresa que esteve por trás do incidente da mansão, a Umbrella, porém, já é tarde demais, a cidade está sendo tomada por zumbis e pior ainda, ela também descobre (do pior jeito) que tem uma arma bio-orgânica criada pela própria Umbrella em forma de supersoldado para caçar os ex-membros da S.T.A.R.S., também conhecido como Nemesis!
Staaarsss…
Porém, como o Nemesis iria se comportar era o que mais temia no jogo, pois se ele fosse exatamente igual ao que o Mr. X foi no remake de RE2, onde a partir de um momento ele fica te perseguindo o tempo todo e o senso de urgência em realizar as tarefas é alto demais, eu não iria curtir tanto. Ainda bem que não é assim! Porém, o que eu considerei como ponto positivo, muita gente o criticou por isso.
Lógico, tem momentos em que ele fica na sua bota e você tem que ser ligeiro, pois ele é muito mais rápido e ágil que o Mr. X. Entretanto, a quantidade de casos onde ele te persegue sem ser cenas “scriptadas” são muito poucas e você pode explorar os ambientes com uma certa tranquilidade, coisa que era muito díficil em seu antecessor.
E quando eu digo cenas “scriptadas” não quero dizer “cutscenes”, mas sim momentos em que você tem que realmente fugir do Nemesis, porém por um caminho pré-determinado e que no final você acaba fugindo dele e provavelmente estará em uma nova área para explorar!
Mas não estou dizendo que são raros os momentos que você o encontrará, não! Até porque, você dará de cara com ele logo nos primeiros minutos de jogo e ele continuará te caçando até o final. Mas, como disse, na maioria das vezes, você o enfrentará ou, nestas cenas “scriptadas” ou como chefão. E nas poucas vezes que você dará de cara com ele durante o jogo, não é tão difícil de abatê-lo (por tempo limitado) e fugir. Dica: granadas são bem efetivas e quando você o abate, ele libera um item especial para você.
Além disso, neste jogo você tem um recurso “poderoso”: a esquiva! Se você pegar as manhas, você consegue desviar dos golpes dele com uma certa facilidade, mas tome cuidado, pois ele é rápido e se você tomar de dois a três socos, é morte na certa! Porém, se acertar o tempo perfeito da esquiva, você até ganha uma habilidade temporária extra, onde no caso da Jill por exemplo, você consegue mirar em slowmotion para dar uns tiros mais precisos. Isso serve para zumbis e outros inimigos também.
E por falar em zumbis, aqui, por estar geralmente em um local mais aberto (você está na cidade), eles aparecem em bando. Porém, está muito mais fácil de abatê-los do que era no RE2. Além disso, em alguns cenários é possível fazer uso de recursos do ambiente, tais como barris e geradores elétricos, conseguindo assim, derrotar um bando com apenas um tiro. Sim, o jogo tem uma pegada bem mais de ação do que foi no segundo.
E além dos zumbis e do Nemesis, você também encontrará pelo caminho hunters (beta e gamma), drain demos, lickers, cachorros e um novo inimigo: pale head. Eles parecem um zumbi "convencional", porém são bem chatinhos de abater.
Jill e Carlos
Enquanto que em Resident Evil 2 você tinha que jogar duas campanhas inteiras para explorar os dois personagens do jogo (Claire e Leon) e ainda por cima era bem vago a interação entre eles (no remake, é claro), em RE3 já não, os personagens são intercalados apenas em momentos específicos formando apenas uma campanha, sendo que a maior parte do tempo, você joga com a Jill mesmo.
Porém, quando você assume o controle de Carlos, um mercenário brasileiro contratado pela Umbrella (UBCS) para resgatar sobreviventes na cidade (junto com sua equipe formada por Nicholai, Mikhail, Tyrell e Murphy), o jogo não perde qualidade nenhuma, aliás, muito pelo contrário, é bem prazeroso de jogar com Carlos, pois além de ele ter uma metralhadora (rifle M4A1), ele é bem carismático e “piadista”. E sem dar muitos spoilers, quando você tá jogando com ele, você vê uma conexão muito bem feita entre os dois jogos (RE2 e RE3).
Faltou pouco pro jogo tirar 10!
Como nem tudo são flores, o jogo poderia ter sido bem melhor avaliado pela crítica (como foi RE2), se não tivesse deixado de lado alguns momentos e cenários importantes do clássico. Porém, na minha opinião, eu acho que são mais nostalgicos do que importantes, pois a história se desenvolveu bem sem eles.
Mas seria muito legal se tivessem incluído certa coisas, tais como a Clocktower e não apenas referências à ela. O Graveyard e o parque também ficaram de fora, assim como você não joga com a Jill dentro da delegacia RPD, somente com o Carlos. Também não teve nada parecido com a abertura do jogo original, onde tem as cenas memóraveis da polícia enfrentando os zumbis para tentar salvar cidade antes do colapso. Neste você já começa com a cidade dominada. E por consequência disso, não temos a famosa frase de Jill: "September 28th, daylight, the monsters have overtaken the city, somehow, I'm still alive...".
Mas o que o jogo pecou mesmo, foi na sua durabilidade, eu joguei muito tranquilamente e terminei em apenas 7 horas, mas teve gente que terminou em menos de 5 horas! Muito curto para um jogo deste nível (e preço).
Enfim, eu costumo avaliar quando um jogo é bom, quando ele te prende do início ao fim. E Resident Evil 3 foi um exemplo disso, ele me prendeu logo cara com seu gameplay delicioso! Você avança muito rápido no game e não dá tempo de entediar. Tanto que no final, ficou aquele gostinho de quero mais, talvez seja por isso que o pessoal reclamou tanto da durabilidade. É aquela história: “O que é bom dura pouco”, mas neste caso, MUITO pouco!
Ah, também está incluso no disco o Resident Evil: Resistance, um jogo multiplayer totalmente à parte da campanha principal (inclusive com outra lista de troféus e platina, é outro jogo mesmo) e é estilo aqueles games onde um jogador é o vilão e os outros tem que fugir para vencer a partida, tipo Dead by Daylight e Friday 13th. Não é meu tipo de jogo, mas parece ser bem legal!